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configuração: dois encouraçados

dreadnoughts

de 19.500 toneladas, um encouraçado

dreadnought

de 28.000 toneladas, três cruzadores de 3.150 toneladas, 10 contratorpedeiros de

560 toneladas, três submarinos (NETO, 2014, p. 105).

Embora não sem polêmicas

24

o programa proposto por Alexandrino foi rapidamente

aprovado pelo Poder Legislativo através do decreto n. 1.568, de 24 de novembro de 1906, o que

parece demonstrar as influentes conexões políticas que amparavam o ministro. De fato, não

poucos autores navais chamaram a atenção para tais conexões, declarando, inclusive, que elas

eram a explicação de sua ascensão ao cargo de ministro da Marinha.

Além das mudanças em relação às embarcações encomendadas, Alexandrino também

tinha concepções diversas acerca das repartições navais subordinadas ao ministério. Em primeiro

lugar, impediu a construção de um novo arsenal e porto militar fora da Baía da Guanabara.

Construiu e reformou todas as oficinas do Arsenal do Rio de Janeiro na Ilha das Cobras, que

passou a ser dividido em cinco diretorias internas: Construções Navais, Máquinas, Obras

Hidráulicas, Artilharia, Torpedos e Eletricidade. Instalou também depósitos de carvão, combustível

dos navios, em vários pontos do país, como Rio de Janeiro, Pará, Bahia e Santa Catarina (NETO,

2014; MARTINS FILHO, 2010, p. 175).

Em relação à educação e à formação dos quadros da Marinha, podemos observar uma

nítida diferença de posição em relação às ideias de Noronha e outros ministros que o precederam.

As escolas de aprendizes marinheiros, tidas por muitos como ineficientes e com necessidade de

redução de unidades, conheceram o entusiasmo de Alexandrino. Pelo decreto n. 6.852, de 1º de

agosto de 1907, o ministro criou mais oito escolas além das 11 que existiam no início de sua

gestão

25

. Além disso, por esse mesmo decreto, elas foram divididas em dois tipos: as escolas

primárias, onde o marinheiro aprendia a ler e escrever, e as escolas modelos, onde aprendia o

ofício da marinhagem de forma prática e as especializações profissionais necessárias para os

24. Se o Programa Naval de 1904 não conheceu grandes polêmicas para ser aprovado no Legislativo, o mesmo não

ocorreu com o proposto por ministro Alexandrino. Na Câmara, o deputado Jesuíno Cardoso, aliado do antigo ministro

Noronha veio em defesa do programa anterior municiado de argumentos extremamente técnicos. O mesmo fizera o

senador e almirante Heráclito Belfort Vieira, também aliado do ex-ministro Noronha, na Comissão de Marinha e

Guerra do Senado. O novo ministro e almirante Alexandrino debateu pessoalmente no Legislativo fazendo longas

intervenções em defesa da mudança do programa de 1904, argumentando que este não satisfazia às necessidades

navais naquela conjuntura, face aos avanços táticos e armamentistas que as marinhas ao redor do mundo estavam

experimentando.

25. Entretanto, apesar da criação dessas novas escolas, algumas ainda não tinham as instalações necessárias para o

funcionamento, de acordo com o relatório do ministro do ano de 1907. Era o caso da Escola Modelo do Rio Grande do

Norte e das escolas primárias do Rio de Janeiro e Espírito Santo (BRASIL, 1908, p. 48).